17 de nov. de 2011

Não serei água.

Nada devora mais que o horizonte.
Pensá-lo futuro, por-vir ou morte
É abstrair qualquer fim que ronde
Alheio à ideia de sorte.

No lugar incomum de pensador
Como se todo nu atravessasse,
Estreito a voz, semelhante dor,
No rio de mágoas nascendo-me à face

Mas com que amor matou-os todos?
Buscando-se diamantes em cada verso
Se na resposta pronta de tolos
Adoecia-se pálido anverso?

O mundo não muda nunca
De hora em hora piora
Já que em verso se aprofunda,
Desmedido, é posto fora.

De que vale, sozinho, um braço levantado?
Ejacular desejo ou entoar preces?
Como retirar, oculto, debandado,
Do peito, a vontade de ser, que cresce?

Não serei água, decerto.
Nem único homem, simplificado.
Nem apenas visões no deserto,
Ou o sacerdote, intermediário.

Partir meu caráter ao meio?
Antes, coloco-me fora, marginalizado.
Pois da mãe, já não tenho o seio,
Mas ao mundo olho, olho deslocado.

Um comentário:

  1. Que isso!!! Que foda! Queria ter escrito esses versos. De certa maneira estou aí nele. Foda demais! Abraço

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