2 de nov. de 2011

Desejo

A ambulância anuncia mais uma digressão.

Eu, sozinho, como estou agora,
Respiro saudades, fumaça e olhares.
Deixado para trás, lendo alguma bula de remédio,
Procurando algo imperativo que me mande parar
Ou talvez seguir.

Mais uma noite de álcool,
Cansaço corpóreo,
Sorrisos e descasos por uma conquista poeta.

Número um no coração dos amigos,
Número primo na lista do amor.
Mas não dou conta.
Desejo esse “um” com quem eu também possa dividir-me,
Para quem possa doar um pouco dessa loucura,
Que vem à tona a cada por do sol,
Que me foge em palavras a cada amanhecer,
E que me faz escravo de qualquer resto,
Por uma simples lembrança.

Transbordo,
Olhando, líquido, mais um álbum de retratos.

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