Estou no palco do medo real
Entre vidas corridas contendo
Mais que olhares isentos
De culpa, dor ou tal
Lembrança do ido,
doído.
O que ficou não foi só memória
Nem recortes em papéis, jornais
Mais que mãos tremendo
De não sei quê, mal
Interior, cor roído,
corroído.
Os pés em pé e o corpo deitado.
Entre desenhos no teto
Mais que turva visão
De lamento, cansaço,
Nervos de aço,
desabraço.
Na força estranha do perdão
Nem acordes, cafés, cigarros
Mais que o vazio do triplo não
De esperar, tempo lá
Distante lá,
lamento.
Não basta só passar o vento
Entre cortes, pulsos, pescoço
Mais que ausência de entendimento
De gratidão, trabalho árduo
Se enganar,
esganar.
E tudo quanto pôde ser e não foi
Nem o positivo fazer-se saudoso
Mais que as marcas, marcas
De visíveis ais de dor
Sem sibilar,
sensibilidade.