6 de mar. de 2012

Antiode a São João Nepomuceno (velha metonímia)

A cidade amontoou-se sobre pântano diverso
Assemelhando-se seus membros a sapos e pererecas
Que de difícil tarefa, a de transformá-los em verso,
Julga, sublime comparação, o poeta.

Porque sem direito à devida resposta em linguagem,
Pede-se perdão aos nobres seres puladores
Por receberem dos humanos tal roupagem
Se não o são, como tais, bajuladores.

Em bela corja, acrítica, de mentes provincianas,
Vivem sem sina, cômodos, felizes,
Homens-sapos, inchados de tão bacanas
Que nada o peito, no fundo, sensibilize.

E mulheres semi-amadas, comportadas, de ar frívolo
Em verdade, antítese da história do santo padre,
Que teve a língua, intacta, encontrada em túmulo
Já que a delas, de serpente graciosa, arde.

E muitos são os perfeitos, modelos como o poeta foi!
Ainda que progridam, sem amor e sem verdade...
Mascaram-se sapos, ausência de identidade
Poema antigo, estampa farsa, que foi!

Poeta já foi rei?
Não foi!
Foi!
Foi!
Não foi!

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