O trabalho da arte tem de estranhar
E, com ele, agradecer ao que se entregou
Sangrar dedos, boca e mãos
Realizar o absurdo verso nu.
(...)
Ele, charutos fumados,
Nariz cansado, voz fugidia.
Ele, saltos
Paetê e bolsa, esquina.
Quando os filmes de mil traços
Cansam os olhos e o bom-senso
Não há tempo pra pensar
Nem fotos, quase mortos em álbuns de retratos.
Quando a Getúlio corta a madrugada
E encontra com a Santa na parte baixa
São belas, dadas a deleite,
Lúbricas e exaltadas.
Enquanto Bernardo enfeita o espaço
(Alta cultura presa em vidros)
O asfalto moderno abraça o fato
Da beleza travestida.
E são êxtases, valores e negócios
Até cantar o pneu
Cama redonda, espelho, espelho, espelho
Garfo e faca. E o pau comeu.
Canta madrugada, personagem,
Homem de gravata solitário!
Canta menina, pés e mãos no chão,
Que amanhã é dia de trabalho...
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