28 de jun. de 2012

A minha alma

Não me cubro da mesma forma todos os dias.
Apesar de produto, um impulso não-convencional
me faz sair dessa coisa menos pior
para aprimorar as palavras.

O tempo não é angústia
para quem está numa sociedade histórica,
mas um semideus cruel,
na tentativa de abstrações da realidade,
algo que faça sentido,
nos ponteiros de um relógio.

O ciclo continua,
à espera de uma barbárie
para que venha outra vez o Messias
e restaure as ruínas passadas.

Passado um minuto
do horário marcado,
o abismal leva o sujeito
ao mergulho.

E os funcionamentos da memória,
requerendo experiências
e códigos
veem apenas o óbvio.

Quantas vezes o mistério
da vó era um boi!
__ Ele dança gracioso, meu filho,
balança como bailarina da cidade,
até enterrar o chifre no peão desafinado...

Como recuperar os cacos dessa imagem?
A minha alma foi feita de vidro...

Favor não esquecer
que os pedaços colados
não querem reinventá-la.

Querem mostrar o quão foi importante
ser quebrada.

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