16 de fev. de 2013

Três versões de Judas


O primeiro, deitado, entreabriu mais uma vez as pernas e viu a peça de couro descer, de há pouco, sobre o desbaratado corpo.
O segundo, recobrando a luz proibida pela vidraça, dilatados os olhos, maxilar ofendido e retesado, quando a boca respira mais que as narinas: mares de areia no deserto.
O terceiro, feições portuguesas de outrora, quando o preto não contava, mas ainda se podia confiar num Senhor, grande visão do escuro: escritor.
Tudo é quase abstrato, traindo as normas profundas de uma democracia piedosa.


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